segunda-feira, 19 de julho de 2010

Andar de táxi sai mais barato que ter carro

Pesquisa da Coppe/UFRJ mostra que usar só carros de praça sai mais em conta do que financiar veículo popular
POR CELSO OLIVEIRA, RIO DE JANEIRO

Autor da análise, o engenheiro civil Luiz Afonso de Sousa mostra que os gastos apontados pelo taxímetro durante um mês, em deslocamentos para trabalho e lazer, são menores do que os do financiamento de um carro popular em 60 meses. A conta inclui a distância percorrida nos 30 dias.
Em 2000 Maria de Lourdes vendeu seu Palio Weekend 98, cuja prestação era de R$ 1.052, e aderiu ao carro de praça, reduzindo a despesa mensal com transporte de R$ 2 mil para R$ 1 mil. “Minha filha de 10 anos dava menos prejuízo”, lembra. A menina, hoje universitária, também só vai de táxi para faculdade, cursos e passeios.
Segundo Luiz, quem financia carro de R$ 25 mil e se desloca até 700 km por mês gasta R$ 1.104 em 30 dias. No táxi, desembolsaria R$ 956,40. Se o automóvel custa R$ 30 mil e o deslocamento fica entre 700 km e 1.500 km, a despesa é de R$ 1.475. Nesse caso, o táxi não passaria de R$ 1.250.
"Mesmo com o carro na garagem por muito tempo, prestação e seguro precisam ser pagos todo mês. Com manutenção, combustível e gastos eventuais como pedágio, o táxi vira opção mais barata”, diz Luiz Afonso, mestrando na Coppe.
Fã dos carros de praça, o professor Felipe Muanis, 37, nunca quis aprender a guiar e se beneficia da economia: “Ter carro está enraizado na nossa cultura, mas você pode ser roubado, bater, se estressar com o trânsito, além dos gastos com manutenção, imposto”.
Orientador do trabalho, o professor Paulo Cezar Ribeiro diz que a mudança de hábito ajudaria a desafogar as vias do Rio, onde a frota de carros já atinge a soma de 1,8 milhão e deve duplicar nos próximos anos. “O resultado é catastrófico, com congestionamento a qualquer hora. Haveria menos carros se, em vez de comprar, as pessoas usassem mais táxis”.
Frota de automóveis deve triplicar
As previsões de especialistas são sombrias para o futuro do trânsito no mundo. A frota brasileira de 33 milhões de automóveis deve triplicar nos próximos anos, estima o engenheiro de transportes Paulo Cezar Ribeiro.
“O estudo do Luiz propõe solução interessante que ajuda, mas os governos precisam investir nos transportes de massa: trem e metrô”.
Morador do Humaitá, o professor de audiovisual Felipe Muanis gasta de R$ 100 a R$ 150 por mês com táxis. Ele sabe o que é transporte público eficiente.
“Morei na Alemanha e lá todos pegam trem para todos os lugares. Eles só usam carro nas viagens de fim de semana”, conta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário